Do fundo do coração
“O que eu quero em minha vida é compaixão, um fluxo entre mim mesmo e os outros com base numa entrega mútua, do fundo do coração”.
Introdução
Nessa primeira parte do capítulo,
somos introduzidos ao conceito de CNV.
O termo “não-violência” vem de Ghandi e se refere à um estado compassivo natural, quando a violência se afasta do nosso coração.
Aqui, a linguagem e o uso das
palavras afetam diretamente a capacidade de nos mantermos compassivos e
exercem, assim, um papel crucial na construção de um ambiente favorável à troca
humana e positiva.
“Embora
possamos não considerar ‘violenta’ a maneira de falarmos, nossas palavras não
raro induzem à mágoa e à dor, seja para os outros, seja para nós mesmos”
Uma maneira de concentrar a atenção
A CNV vem para fazer das respostas
automáticas e repetitivas, respostas conscientes,
firmemente baseadas no que estamos pensando, sentindo e necessitando.
Aprendemos a articular o que de fato
desejamos e somos levados a nos expressar com honestidade e clareza, ao mesmo tempo que damos aos outros atenção respeitosa e empática.
“Embora
eu me refira à CNV como processo da comunicação, ela é mais do que isso. Num
nível mais profundo, ela é um lembrete permanente para mantermos nossa atenção
concentrada lá onde é mais provável acharmos o que procuramos”.
E aqui vale ressaltar o seu
pragmatismo: é na expressão autêntica e na escuta empática que conseguimos
verdadeiramente atender às nossas necessidades.
“À
medida que a CNV substitui os velhos padrões de defesa, recuo ou ataque
diante de julgamentos e críticas, vamos percebendo a nós e aos outros,
assim como nossas intenções e relacionamentos, com um enfoque novo. A
resistência, a postura defensiva e as reações violentas são minimizadas”.
Temos nessa parte do livro, exemplos
práticos em que a CNV se fez útil na resolução de conflitos delicados, como
entre povos no oriente médio, por exemplo.
O processo da CNV
Os quatros componentes da CNV são:
1. Observação:
·
O que de fato está acontecendo?
·
O que estamos vendo os outros fazendo
ou dizendo é enriquecedor ou não para nossa vida?
·
É importante afastar os julgamentos e
avaliações da observação.
2. Sentimento:
·
Como me sinto ao observar aquela
ação? Magoado, triste, alegre, divertido, irritado, etc.
3. Necessidades:
·
Reconhecemos quais necessidades estão
de fato ligadas ao sentimento já identificado.
4. Pedido:
·
Consciente dos três componentes
anteriores, expressamos clara e honestamente como estamos, fazendo um pedido
específico.
Os 4 componentes da Comunicação compassiva. |
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Uma mãe poderia expressar da seguinte
forma:
“Roberto,
quando vejo suas bolas de meias sujas debaixo da mesinha(O), fico irritada(S),
porque preciso de mais ordem no espaço que usamos em comum(N)”. Completando com o pedido claro: “você poderia colocar suas meias na
lavadora”?
Ao invés de exigir com ameaças,
violência, impondo medo, culpa e atacando a auto-estima do filho. Do tipo:
Compare... |
Pode parecer estranho ou difícil agora, mas ao longo do livro entenderemos melhor cada componente e como aplicá-la, não deixe de acompanhar cada capítulo para que tudo se internalize plenamente.
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Dito tudo isso, vale lembrar, a CNV, contudo, não é meramente uma linguagem e nem um conjunto de
técnicas para usar palavras; a consciência e a intenção que a CNV abrange pode
muito bem se expressar pelo
silêncio, pela expressão facial e linguagem corporal. Os diálogos e exemplos do livro perdem algumas
nuances como empatia silenciosa, narrativa, gestos, tom de voz, velocidade da
fala, humor e etc.
“Na verdade, é possível realizar todas as quatro partes do processo sem pronunciar uma única palavra. A essência da CNV está em nossa consciência daqueles quatro componentes, não nas palavras que efetivamente são trocadas”.
Os exemplos que veremos ao longo do
livro são essenciais para entendermos e absorvemoso processo. Mas, uma vez
que isso está feito, precisamos adaptar todo o aprendizado à nossa realidade e
ao nosso jeito único e particular de ser e agir.
Até
o próximo capítulo!
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