Carl Rogers e a Abordagem Centrada na Pessoa - O Espaço - Comunicação Não-violenta Carl Rogers e a Abordagem Centrada na Pessoa

Carl Rogers e a Abordagem Centrada na Pessoa

2018/12/24 | Nenhum comentário | |





Você já ouviu falar da Abordagem Centrada na Pessoa, do psicólogo humanista Carl RogersEla nasceu através de anos de investigação de Rogers, foi um tanto revolucionária para o seu tempo e inspirou Marshall Rosenberg no desenvolvimento da Comunicação não-violenta.





Um breve contexto:


Rogers foi um psicólogo americano que, em 1940, desenvolveu uma forma de terapia não-diretiva a partir de seus estudos e experiências.

Atendendo pessoas com os artifícios da psicanalise e do behaviorismo, ideias em voga na época, ele percebeu que alguns casos não apresentavam nenhum tipo de melhora. Alguns a ponto de esgotar todos os recursos e técnicas que tinha em mãos.

Pra esses casos, não havendo mais nada a fazer, ele decidiu que o mínimo que poderia oferecer, diante dessas pessoas em sofrimento, era uma escuta atenciosa e respeitosa. E foi o que fez.

Dessa escuta, ele começou a notar profundas transformações nesses casos que antes pareciam não ter nenhuma solução. As pessoas começavam a caminhar e encontrar respostas satisfatórias para as suas questões de vida. Respostas que vinham delas mesmas. Respostas que nenhum tipo de aconselhamento foi capaz de sequer se aproximar.

Percebendo que o que estava acontecendo ali era realmente significativo, Rogers começou a investigar, pesquisando profundamente o que viria a se tornar a abordagem centrada na pessoa.

As atitudes facilitadoras de crescimento


Nas palavras do próprio Rogers, em seu livro Um Jeito de Ser, temos os princípios que fundamentam a sua abordagem:

“A hipótese central dessa abordagem pode ser colocada em poucas palavras. Os indivíduos possuem dentro de si vastos recursos para a autocompreensão e para modificação de seus autoconceitos, de suas atitudes e de seu comportamento autônomo. Esses recursos podem ser ativados se houver um clima, passível de definição, de atitudes psicológicas facilitadoras”.

Essa capacidade de se autocompreender e modificar seus autoconceitos é o que ele chama de tendência atualizante. Uma tendência presente na vida de qualquer organismo, que estará sempre buscando realizar todas as possibilidades que lhe são inerentes.

A ACP é, portanto, uma abordagem baseada em uma relação de confiança entre terapeuta e cliente.

Seguindo:

“Há três condições que devem estar presentes para que se crie um clima facilitador de crescimento. Estas condições se aplicam indiferentemente à relação terapeuta-paciente, pais-filhos, líder e grupo, administrador e equipe. Estas condições se aplicam, na realidade, a qualquer situação na qual o objetivo seja o desenvolvimento da pessoa. Já descrevi essas condições em outros trabalhos. Apresento aqui um pequeno resumo do ponto de vista da psicoterapia, mas a descrição se aplica a todas as relações mencionadas”. 


1) Congruência


“O primeiro elemento poderia ser chamado de autenticidade, sinceridade ou congruência.

Quanto mais o terapeuta for ele mesmo na relação com o outro, quanto mais puder remover as barreiras profissionais ou pessoais, maior a probabilidade de que o cliente mude e cresça de um modo construtivo.

Isto significa que o terapeuta está vivendo abertamente os sentimentos e atitudes que fluem naquele momento. O termo “transparente” expressa bem a essência dessa condição: o terapeuta ou a terapeuta se faz transparente para o cliente. O cliente pode ver claramente o que o terapeuta é na relação: o cliente não se defronta com qualquer resistência por parte do terapeuta.

Do mesmo modo que para o terapeuta, o que o cliente ou a cliente vive pode se tornar consciente, pode ser vivido na relação e pode ser comunicado se for conveniente.  Portanto, dá-se uma grande correspondência, ou congruência, entre o que está sendo vivido em nível profundo, o que está presente na consciência e o que está sendo expresso pelo cliente”. 


2) Consideração positiva incondicional


“A segunda atitude importante na criação de um clima que facilite a mudança é a aceitação, o interesse ou a consideração — aquilo que chamo de “aceitação incondicional”. Quando o terapeuta está tendo uma atitude positiva, aceitadora, em relação ao que quer que o cliente seja naquele momento, a probabilidade de ocorrer um movimento terapêutico ou uma mudança aumenta. 

O terapeuta deseja que o cliente expresse o sentimento que está ocorrendo no momento, qualquer que ele seja — confusão, ressentimento, medo, raiva, coragem, amor ou orgulho. Este interesse por parte do terapeuta não é possessivo. O terapeuta tem uma consideração integral e não condicional pelo cliente”. 


3) Compreensão empática


“O terceiro aspecto facilitador da relação é a compreensão empática. Com isso quero dizer que o terapeuta capta com precisão os sentimentos e significados pessoais que o cliente está vivendo e comunica essa compreensão ao cliente.

Quando está em sua melhor forma, o terapeuta pode entrar tão profundamente no mundo interno do paciente que se torna capaz de esclarecer não só o significado daquilo que o cliente está consciente como também do que se encontra abaixo do nível de consciência. Este tipo de escuta ativa e sensível é extremamente raro em nossas vidas. Pensamos estar ouvindo, mas muito raramente ouvimos e compreendemos verdadeiramente, com real empatia. E, no entanto, esse modo tão especial de ouvir é uma das forças motrizes mais poderosas que conheço.

De que modo este clima que acabo de descrever leva à mudança?

Resumidamente, eu diria que se as pessoas são aceitas e consideradas, elas tendem a desenvolver uma atitude de maior consideração em relação a si mesmas. Quando as pessoas são ouvidas de modo empático, isto lhes possibilita ouvir mais cuidadosamente o fluxo de suas experiências
internas. Mas à medida que uma pessoa compreende e considera o seu eu, este se torna mais congruente com suas próprias experiências.

A pessoa torna-se então mais verdadeira, mais genuína. Essas tendências, que são a recíproca das atitudes do terapeuta, permitem que
a pessoa seja uma propiciadora mais eficiente de seu próprio crescimento. Sente-se mais livre para ser uma pessoa verdadeira e integra”.

Faz sentido pra você? Comenta aí embaixo o que achou!

Nos próximos posts, falarei um pouco sobre as implicações do trabalho de Rogers nas mais diversas áreas humanas.

Grande abraço!

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