Hoje vamos estrear a série #PergunteAGirafa respondendo dúvidas sobre Comunicação não-violenta. A Débora Pregana pediu, pelo Instagram, práticas que nos auxiliam
no processo de CNV.
Eu amei esse pedido, tendo em vista os inúmeros
desafios que a gente se esbarra quando decide trazer essa prática pra nossa
vida.
Então vamos lá, separei três dicas (e mais uma bônus), que fizeram e fazem
muito sentido dentro da minha caminhada pessoal. E é importante reforçar isso,
não escrevo para entregar uma fórmula, mas para compartilhar uma experiência,
que pode te ser útil ou não.
Fique à vontade pra usar como quiser e se quiser.
Vamos lá!
1) Fazer terapia
Certa vez, eu ouvi a Carol Nalon dizendo, num evento
aqui em Belo Horizonte, que na CNV tem coisas que você percebe que te poupam 10
anos de terapia, mas tem outras que te acrescentam 10 anos de terapia.
O que eu percebi, na minha experiência, é que estar em
contato com a Comunicação não-violenta me ajuda a ter uma ligação muito mais
profunda comigo mesmo. Consigo, muitas vezes, ter mais consciência dos meus sentimentos, minhas necessidades e valores, posso escolher me expressar de
maneira mais autêntica. E receber com compaixão o que chega a mim. O que me
apoia na construção de relações mais sólidas, saudáveis e verdadeiras.
No entanto, todas essas coisas são bastante
desafiadoras pra maioria de nós. O abandono de velhos hábitos, as oscilações,
as recaídas, o confronto com áreas de nós mesmos que passamos a vida tentando
esconder, a vulnerabilidade, a sensação de exposição, que vem quando a gente
escolhe se expressar a nível de sentimentos. O cansaço que vem, às vezes, da
escuta, o desgaste. A angústia que vem com a nossa maior autonomia em fazer
escolhas. Etc..
Eu poderia escrever um texto somente sobre os desafios
que se tem quando você opta pelo caminho da compaixão proposto pela CNV. No
entanto, acredito que aqui tem uma componente muito pessoal e que, se você
embarcou nessa, com certeza sabe muito bem onde estão os seus pontos mais
quentes.
O que eu quero pontuar aqui é: o acompanhamento
terapêutico é um apoio maravilhoso pra isso tudo. Pras nossas descobertas, pra
nossa organização, pra prática como um todo.
Comigo foi assim: a CNV foi e é um belo suporte pro no
meu processo terapêutico, pra me expressar e pra estabelecer conexão. E o
processo terapêutico foi e é um belo protetor e guia da minha jornada na
não-violência.
2) Trabalhar a espiritualidade
Quando a gente começa a olhar o mundo com olhos mais
generosos e empáticos, a gente passa a se dar conta de muita coisa. Muitas
angústias, vivências, injustiças.... E aí corre o risco de a gente se esgotar
mesmo. Eu tenho muitas amigas e amigos que já possuem um senso de justiça
forte, independente da CNV, e às vezes, por isso, os vejo exaustos em alguns
momentos. Você provavelmente deve conhecer alguém assim também.
Ao buscarmos essa prática deliberadamente, é
interessante estarmos cientes que o esgotamento pode vir de maneira bastante intensa.
Nesse sentido, a terapia é também um cuidado importante.
Minha amiga Diana Bonar, do canal Peaceflow, gravou um
vídeo em que ela conta sobre os sintomas que podem aparecer com o esgotamento.
De pesadelos a crises de choro.
Nele, ela conta de uma experiência que teve no
Camboja, onde houve uma guerra civil que dizimou metade da população. Ela
estava lá para ajudar a construir a paz depois do conflito e se viu diante de
uma realidade muito impactante. Nesse momento ela nos conta da importância da
espiritualidade como apoio.
Espiritualidade aqui não quer dizer necessariamente
algo como fé religiosa ou coisas do tipo. Mas sim daquilo que te conecta com
algo maior, que transcende a existência, sabe? Tem gente que encontra essa
conexão com a natureza, com o universo. Tem gente que encontra isso quando se
enxerga um pedacinho de um grande organismo que é a humanidade, aqui entra a
prática da compaixão pela pessoa humana, que ajuda a nos resguardar.
Há aqueles que encontram o seu caminho na religião.
Tenho um amigo que encontra essa sensação através de música. Outro, quando
estuda física quântica. E há aqueles que não encontram em lugar nenhum. Que
realmente não têm afinidade para esse tipo de coisa.
Se for o seu caso, tudo bem. Existem outras
estratégias que nos ajudam a evitar e cuidar do esgotamento.
3) O Par empático
Essa é uma dica muito prática. A
gente estuda CNV, lê os livros, as discussões, participa. Segue os perfis e
tudo mais. Porém, a gente tá falando de um processo orgânico, né? Vivencial
mesmo. CNV é a linguagem da vida, acontece na prática, quando as pessoas se
conectam, enfim. Se não a gente fica preso nas ideias, vivendo o robozinho e
não se desenvolve mesmo.
Pensando nisso, quais são as duas bases
do processo de comunicação não-violenta? O expressar com autenticidade e o
receber com empatia.
É importante se fazer essa pergunta
de vez em quando: quanto de escuta tenho recebido ultimamente? E o quanto de
escuta tenho oferecido ultimamente?
A ideia do par empático é você ter
alguém, que também está nessa trajetória, pra se encontrar semanalmente e
trocar escuta. É válido pelo whatsapp e você pode encontrar alguém nos grupos
de CNV do Facebook.
No começo, pode ser algo combinado,
por exemplo, eu falo por 10 minutos, você me dá um retorno de até 5 e depois a
gente troca. Com o passar do tempo, isso pode ir ficando mais solto, mais
natural.
4) BÔNUS: um caderninho
Essa dica bônus também é bem
prática e eu gosto bastante. Ter um caderninho CNV que seja fácil de carregar.
Que nos permita anotar nossos pensamentos e estados emocionais ao longo do dia.
Anotar as dificuldades. Pra nos ajudar com o vocabulário de sentimentos e
necessidades. Pra servir como um pequeno diário.
Também pra servir de lembrete nos
momentos mais difíceis, enfim.. Eu acredito que pode ser uma ótima ferramenta
pra aumentar a nossa conexão com nós mesmos.
E aí, o que você achou? Tem mais
alguma dica que é útil pra você e gostaria de compartilhar? Comenta aí com a
gente!
Espero que tenha sido útil,
Grande abraço!
Adorei conhecer este espaço
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