Três práticas que podem auxiliar seu processo de CNV - O Espaço - Comunicação Não-violenta Três práticas que podem auxiliar seu processo de CNV

Três práticas que podem auxiliar seu processo de CNV

2018/12/16 | Um comentário | |





Hoje vamos estrear a série #PergunteAGirafa respondendo dúvidas sobre Comunicação não-violenta. A Débora Pregana pediu, pelo Instagram, práticas que nos auxiliam no processo de CNV.

qual sua maior dúvida de comunicação não violenta


Eu amei esse pedido, tendo em vista os inúmeros desafios que a gente se esbarra quando decide trazer essa prática pra nossa vida.

Então vamos lá, separei três dicas (e mais uma bônus), que fizeram e fazem muito sentido dentro da minha caminhada pessoal. E é importante reforçar isso, não escrevo para entregar uma fórmula, mas para compartilhar uma experiência, que pode te ser útil ou não.

Fique à vontade pra usar como quiser e se quiser.

Vamos lá!


1) Fazer terapia


Certa vez, eu ouvi a Carol Nalon dizendo, num evento aqui em Belo Horizonte, que na CNV tem coisas que você percebe que te poupam 10 anos de terapia, mas tem outras que te acrescentam 10 anos de terapia.

O que eu percebi, na minha experiência, é que estar em contato com a Comunicação não-violenta me ajuda a ter uma ligação muito mais profunda comigo mesmo. Consigo, muitas vezes, ter mais consciência dos meus sentimentos, minhas necessidades e valores, posso escolher me expressar de maneira mais autêntica. E receber com compaixão o que chega a mim. O que me apoia na construção de relações mais sólidas, saudáveis e verdadeiras.

No entanto, todas essas coisas são bastante desafiadoras pra maioria de nós. O abandono de velhos hábitos, as oscilações, as recaídas, o confronto com áreas de nós mesmos que passamos a vida tentando esconder, a vulnerabilidade, a sensação de exposição, que vem quando a gente escolhe se expressar a nível de sentimentos. O cansaço que vem, às vezes, da escuta, o desgaste. A angústia que vem com a nossa maior autonomia em fazer escolhas. Etc..

Eu poderia escrever um texto somente sobre os desafios que se tem quando você opta pelo caminho da compaixão proposto pela CNV. No entanto, acredito que aqui tem uma componente muito pessoal e que, se você embarcou nessa, com certeza sabe muito bem onde estão os seus pontos mais quentes.

O que eu quero pontuar aqui é: o acompanhamento terapêutico é um apoio maravilhoso pra isso tudo. Pras nossas descobertas, pra nossa organização, pra prática como um todo.

Comigo foi assim: a CNV foi e é um belo suporte pro no meu processo terapêutico, pra me expressar e pra estabelecer conexão. E o processo terapêutico foi e é um belo protetor e guia da minha jornada na não-violência.


2) Trabalhar a espiritualidade


Quando a gente começa a olhar o mundo com olhos mais generosos e empáticos, a gente passa a se dar conta de muita coisa. Muitas angústias, vivências, injustiças.... E aí corre o risco de a gente se esgotar mesmo. Eu tenho muitas amigas e amigos que já possuem um senso de justiça forte, independente da CNV, e às vezes, por isso, os vejo exaustos em alguns momentos. Você provavelmente deve conhecer alguém assim também.

Ao buscarmos essa prática deliberadamente, é interessante estarmos cientes que o esgotamento pode vir de maneira bastante intensa. Nesse sentido, a terapia é também um cuidado importante.

Minha amiga Diana Bonar, do canal Peaceflow, gravou um vídeo em que ela conta sobre os sintomas que podem aparecer com o esgotamento. De pesadelos a crises de choro.

Nele, ela conta de uma experiência que teve no Camboja, onde houve uma guerra civil que dizimou metade da população. Ela estava lá para ajudar a construir a paz depois do conflito e se viu diante de uma realidade muito impactante. Nesse momento ela nos conta da importância da espiritualidade como apoio.

Espiritualidade aqui não quer dizer necessariamente algo como fé religiosa ou coisas do tipo. Mas sim daquilo que te conecta com algo maior, que transcende a existência, sabe? Tem gente que encontra essa conexão com a natureza, com o universo. Tem gente que encontra isso quando se enxerga um pedacinho de um grande organismo que é a humanidade, aqui entra a prática da compaixão pela pessoa humana, que ajuda a nos resguardar.

Há aqueles que encontram o seu caminho na religião. Tenho um amigo que encontra essa sensação através de música. Outro, quando estuda física quântica. E há aqueles que não encontram em lugar nenhum. Que realmente não têm afinidade para esse tipo de coisa.

Se for o seu caso, tudo bem. Existem outras estratégias que nos ajudam a evitar e cuidar do esgotamento.

3) O Par empático


Essa é uma dica muito prática. A gente estuda CNV, lê os livros, as discussões, participa. Segue os perfis e tudo mais. Porém, a gente tá falando de um processo orgânico, né? Vivencial mesmo. CNV é a linguagem da vida, acontece na prática, quando as pessoas se conectam, enfim. Se não a gente fica preso nas ideias, vivendo o robozinho e não se desenvolve mesmo.

Pensando nisso, quais são as duas bases do processo de comunicação não-violenta? O expressar com autenticidade e o receber com empatia.

É importante se fazer essa pergunta de vez em quando: quanto de escuta tenho recebido ultimamente? E o quanto de escuta tenho oferecido ultimamente?

A ideia do par empático é você ter alguém, que também está nessa trajetória, pra se encontrar semanalmente e trocar escuta. É válido pelo whatsapp e você pode encontrar alguém nos grupos de CNV do Facebook.

No começo, pode ser algo combinado, por exemplo, eu falo por 10 minutos, você me dá um retorno de até 5 e depois a gente troca. Com o passar do tempo, isso pode ir ficando mais solto, mais natural.

4) BÔNUS: um caderninho


Essa dica bônus também é bem prática e eu gosto bastante. Ter um caderninho CNV que seja fácil de carregar. Que nos permita anotar nossos pensamentos e estados emocionais ao longo do dia. Anotar as dificuldades. Pra nos ajudar com o vocabulário de sentimentos e necessidades. Pra servir como um pequeno diário.

Também pra servir de lembrete nos momentos mais difíceis, enfim.. Eu acredito que pode ser uma ótima ferramenta pra aumentar a nossa conexão com nós mesmos.


E aí, o que você achou? Tem mais alguma dica que é útil pra você e gostaria de compartilhar? Comenta aí com a gente!

Espero que tenha sido útil,
Grande abraço!

Um comentário: