Quando a gente começa estudar Comunicaçãonão-violenta, principalmente pelo livro do Marshall, acho que primeiro é comum
um deslumbramento, a medida que vamos entendendo a respeito dos nossos vícios
de linguagem, nossa visão de mundo que acaba sendo meio desumanizadora com os
outros e com nós mesmos, e etc. Nesse momento rola uma série de “insights”,
lembramos de situações passadas, de relações e contextos em que as coisas não
vão bem ou de pessoas próximas, muitas vezes queridas, que estão afogadas também
em alienação. Não é mais ou menos por aí?
Junto a isso, vem uma imensa dificuldade de colocar em
prática as técnicas que ele propõe. Observar sem avaliar, identificar e expressar sentimentos, assumir a responsabilidade por eles, fazer pedidos...
Escutar de maneira empática, nu.. É muito complicado....
Nessa hora, também é comum que a gente se depare com
muito sentimentos como solidão, frustração, impotência. Eu vejo que as pessoas
se silenciam quando não conseguem falar o “girafês”, ficam muito mecânicas,
gerando mais desconexão e por aí vai.
Eu considero tudo isso, quando acontece, parte natural
do processo de aprendizagem e que, a medida que vamos nos aprofundando, outros
elementos começam a surgir e a gente vai entendendo que a CNV não é exatamente
sobre aquelas técnicas de fala que aparecem no livro. Existem camadas mais
profundas, mais sutis e mais poderosas.
Camadas essas que, quem por exemplo, elencas críticas
ao processo de comunicação não-violenta não costuma enxergar. Não que a CNV
seja a prova de críticas rs. Mas sim que o debate dificilmente sai dos
problemas encontrados pelo uso da técnica de linguagem. Isso, digo, é o que
vejo dentro da minha experiência.
Então, pensando nessas sutilezas que se encontram para
além de “uma maneira de falar” que eu gostaria de começar essa série: CNV para
além da técnica. Pra poder apoiar quem está tentando se apropriar da proposta
do Marshall, ou quem apenas tem tentado entender do que se trata.
Lembrando que tudo isso vem da minha vivência com a
CNV, meus estudos, contato com outros facilitadores e o apoio as pessoas que
participam dos grupos de estudos e encontros que realizo. Também das pessoas
que procuram no Instagram e outras mídia em busca de apoio. Portanto, não se
trata de uma verdade absoluta. É uma visão minha, e espero que seja útil a você
da maneira que achar melhor.
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