Você está sofrendo violência em seu
relacionamento?
Conhece
alguém que está e gostaria de ajudar?
Essa
é uma questão de saúde pública delicada, importante e que afetas muitas
mulheres no nosso país.
A Pollyanna Abreu,
psicóloga especializada em Terapia Comportamental (análise do comportamento), veio ao O Espaço pra falar um pouquinho pra gente
sobre relacionamentos abusivos. Um tema de saúde pública delicado, importante e
que afeta muitas mulheres.
A Polly se dedica e desenvolve muitos trabalhos sobre o tema.
Ela está aqui no grupo com a gente e também atende em Belo Horizonte.
E-mail: pollyannaabr@gmail.com
Cel.: 31 99283-8113
Cel.: 31 99283-8113
Ela nos traz muita informação interessante. Informação que pode
ajudar a salvar e libertar alguém que precisa. Por isso gostaria de te pedir
para compartilhar com o máximo de pessoas que conseguir, ok?
Segundo
relatório da ONU, 1 em cada 3 mulheres no mundo vai sofrer violência
algum momento de sua vida. Alguém próximo pode estar precisando
receber este material.
Informação é liberdade.
Abaixo, transcrição completa da entrevista:
Abaixo, transcrição completa da entrevista:
Então, o que é um relacionamento abusivo? Quais os tipos de abuso?
Abuso
verbal/psicológico e/ou fisicamente: desde um
chacoalhão, um aperto mais forte no braço, beliscão, até tapas na cara, espancamento, ameaça com facas e outros objetos,
pressionar ou obrigar o parceiro a ter relações sexuais ou impedir o controle
de natalidade/uso de preservativo e perseguição, cárcere privado,
tortura e feminicídio ( termo que designa o assassinato de um mulher por
razões estritamente de gênero).
A violência psicológica também pode ocasionar a
morte da vítima, seja porque o maltrato evolui à agressão física ou porque a
própria vítima se mata de tão deprimida que fica.
Existe
também o abuso de ordem financeira/patrimonial se caracteriza,
quando o parceiro proíbe o outro de trabalhar, controla o gasto do dinheiro,
proíbe o acesso a contas bancárias, não envolve em planejamento financeiro,
entre outras ações.
Começou a ser reconhecido também o abuso de ordem tecnológica, que se manifesta pelo controle das redes sociais, como, por exemplo, dizer quem se pode adicionar ou não ao perfil, pela insistência em obter senhas pessoais das redes do parceiro (a), monitoramento de celular e outras ações.
Existem dois cenários: a mulher que está em um relacionamento
ou já esteve em um ou a mulher que já
esteve em vários, então ela tem um padrão de se relacionar assim.
Quem tem um padrão de sair de um relacionamento abusivo e ir para
outro, teve uma família desajustada e cresceu com sua capacidade de se
relacionar e de sentir prejudicada. Sempre tem atração por homens que não têm
nada a oferecer, e que não querem o que
ela tem a oferecer-lhes.
Ela acha o homem instável é excitante, o não-confiável é
desafiante, o imprevisível é romântico, o imaturo é charmoso. Ela não tem
atração por homens com quem não tem conflitos, acha ele tediosos e bobos.
Esta determinada a salvá-lo através da força do seu amor.
Apesar de focar hoje nas mulheres em um relacionamento abusivo vale ressaltar que não tem classe social, gênero, raça ou orientação sexual.
Quais são os sinais/ situações de que você esta em um relacionamento abusivo? Como perceber?
As vezes para a mulher é muito difícil admitir que algo esta
errado no relacionamento ou até mesmo perceber que esta em um.
Temos vários indicativos de que você possa estar
em um relacionamento abusivo: ciúme e possessividade exagerados; controle sob
as suas decisões e ações; querer te isolar até mesmo do convívio com amigos e
familiares; desqualificação da companheira e a humilhação, a impressão é a de
que você nunca fala nada de bom e está sempre completamente equivocada, você
começa a questionar sua própria compreensão da realidade, será que to louca? As
ações dele fazem você se sentir estranha ou questionar se o que aconteceu foi
normal. E as vezes o parceiro fala que você é louca, que ninguém nunca vai te
amar como ele, que você não vai encontrar ninguém.
Pode ser que ele queira que você troque de roupa. Que tire seu batom vermelho. Ou não goste que você tenha amigos homens. Ou, ainda, tente controlar onde você "pode" e "não pode" ir e com quem.
Ele faz você sentir
que a culpa por ele ser agressivo ou ameaçador é sua.
Você não tá a fim de transar, mas ele insiste. Ou então você "acaba cedendo" porque quer agradá-lo. Ele faz você se sentir culpada ou na obrigação de satisfazê-lo. E pode acontecer o estupro mesmo.
Durante alguma briga, ele te segurar com força deixando as marcas dos dedos deles nos seus braços, ou quando ele tenta te abraçar à força quando você não quer mais ficar perto dele.
A mulher acaba cedendo as vontades dele para evitar
brigas.
E tem alguns processos que acontecem e dificultam o reconhecimento de abuso: nem tá tão ruim assim, posso suportar mais ainda. Confundir ciúmes e controle com cuidado também não ajuda.
Ciclo
da agressão
O Ciclo da agressão é um ciclo bastante perigoso: acontece a violência física e/ou verbal, vem a briga
onde ele é agressivo ou explosivo, depois vem o período de lua de mel onde ele
promete que não vai mais fazer/ falar isso. É quando ele se mostra
arrependido, chora, diz que sabe que fez merda, promete que vai mudar, que vai
fazer terapia, te dá presentes, fala o quanto te ama, te valoriza, te ouve,
muda de sapo para príncipe. Nesse momento ele é incrível. Da a sensação que ele
mudou de verdade ou que foi uma agressão isolada. É nessa hora que a mulher
desiste de denunciar o abusador ou desiste de sair do relacionamento.
Nesse período, parece que vai ficar tudo bem. Mas pode demorar horas, dias, um mês, um ano: o ciclo da agressão sempre dá a volta. Mas, entre uma volta e outra, as agressões podem se tornar piores. Da agressão verbal pode ir para a física, e do tapa na cara pode ir para o espancamento e feminicidio.
O cara abusador é bom em outras coisas, tem atitudes generosas, é simpático, trabalhador, inteligente, um bom amigo, com todas as outras pessoas, ele é ótimo, mas é extremamente violento com a companheira, no espaço privado.
Isso torna a cena confusa. A dúvida acaba quando você se vê em um hospital,
precisando de atendimento médico, após receber chutes e socos na cabeça.
Às vezes a situação fica muito pior e incontrolável antes que a
mulher admita que precisa de ajuda e dai as coisas começam a melhorar.
Dados
Uma em cada três jovens já vivenciou algum tipo de abuso em suas relações amorosas. A violência física, sexual ou psicológica continua a marcar a vida de três em cada 10 nordestinas.
Realizado pela Universidade Federal do Ceará (UFC) em parceria com o Instituto Maria da Penha, mostrou que 4 em cada 10 mulheres crescidas em um lar violento acabam sofrendo a mesma violência na fase adulta, Ao mesmo tempo, 40% dos parceiros que cometem agressões também residiram em lares violentos. Fenômeno definido pelos pesquisadores como "transmissão inter-geracional de violência doméstica".
Segundo o Mapa da Violência 2015 | Homicídio de Mulheres no Brasil, duas a cada três vítimas de violência atendidas pelo SUS são mulheres.
Negras e pobres sofrem mais violência: com o aumento da renda, a vulnerabilidade da mulher diminui.
O Nordeste é mais
desassistido do que as regiões Sul e Sudeste no que tange às políticas para mulheres. Os
homens também devem ser inseridos dentro das políticas públicas de combatem a
violência doméstica. Uma política como esta, que tenta verificar o
comportamento masculino e melhorar esse comportamento sem dúvida pode ser muito
benéfica.
A pesquisa também
revela que a violência doméstica prejudica a vida profissional das mulheres no
Nordeste, o salário das mulheres vítimas
dessa violência é 10% menor do que o de mulheres que não sofrem dessas
opressões, além disso, a duração
média no emprego é 21% menor quando comparadas com mulheres que não sofrem
violência doméstica.
Entre 84 países, o Brasil é o sétimo no ranking de assassinatos
de mulheres. Além disso, segundo o Ministério da Saúde, são de 40 a 50 mil atendimentos
anuais devido à violência doméstica. Maior
parte das mulheres assassinadas, no país, está na faixa dos 20 aos 39 anos. Dois terços dos casos
denunciados foram os companheiros ou ex
companheiros.
O que fazer então? Denúncias, tratamento e como ajudar
Educação, punição e
proteção seriam a tríade a ser colocada em prática para evitar que mais
mulheres sejam agredidas.
Conversar sobre, muito.. precisamos falar disso,
em todos os lugares, para todos os tipos de pessoas. Mudar a forma como nossa
cultura vê o amor. Tanto sofrer por amor como ser viciada num relacionamento são
fatos romantizados por nossa cultura. De música popular a ópera, de literatura
clássica a romances mais suaves, de novelas a peças teatrais e filmes aclamados
pela crítica, somos rodeados de inúmeros exemplos de relacionamentos não
recompensadores e imaturos que são glorificados e exaltados. Mais e mais esses
modelos culturais dizem-nos que a intensidade do amor é medida pela dor que
causa, e que aqueles que sofrem realmente amam realmente.
Infelizmente o nosso sistema penal ainda é muito
frágil com os casos de violência doméstica. O motivo de ficar na relação
abusiva pode estar associado ao medo!
Ainda assim é muito importante ir até a delegacia da mulher e
fazer um boletim de ocorrência. (abuso psicológico é considerado tortura
emocional, pode denunciar)
É de extrema importância iniciar terapia e procurar uma rede de apoio,
grupos…
Conversar com amigas e familiares sobre o assunto. É importante difundir a
informação entre as mulheres.
Como ajudar a minha
amiga/irmã/colega?
Apoio incondicional e
paciência, em primeiro lugar. Se você presenciar uma discussão e perceber algum
desrespeito, tem que meter a colher, sim! Muitas vezes, a pessoa que maltrata
não percebe que está passando dos limites. Como ela não costuma escutar a
companheira, escutar alguém que está de fora pode ajudar.
Denuncias feitas, com rede de apoio, terapia a pessoa começa a se
conhecer mais e se planejar ao invés de tentar mudar outra pessoa.
Se relacionar prestando atenção se gosta da pessoa, se passa bons
momentos juntos, se acho que ele é uma pessoa agradável.
Viver uma vida saudável, satisfatória e serena, sem depender de
outra pessoa para ser feliz. E ai é possível um amor verdadeiro com proximidade
e compartilhamento verdadeiro.
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